Em 1899, o poeta britânico Rudyard Kipling (1865-1936), publicou um poema que teve enorme impacto naquela época: The white man’s burden, O Fardo do Homem Branco.
O poema era um chamado à conquista imperialista dos europeus e norte-americanos. Para Kipling, o domínio do planeta era uma missão difícil (um “fardo”) mas necessária que todos os homens brancos deviam assumir para levar a cultura e a “civilização” aos “selvagens” descritos como “tristes povos, metade criança, metade demônio”.
A missão civilizadora proclamada pelo poeta significaria “levar a paz”, “encher a boca dos famintos”, por fim às doenças e “levar a esperança ao nada”.
O poema traduz a mentalidade progressista do final do século XIX. Apresenta uma certa generosidade em relação aos povos conquistados o que, naquele contexto histórico soava como um eufemismo, uma idealização distante da brutalidade do que então ocorria nas colônias europeias da África e Ásia. As teorias do darwinismo social, da eugenia e do racismo científico forneciam justificativas à expansão imperialista.
Nascido em Bombaim, na Índia britânica, em uma família aristocrática, Kipling teve uma infância marcada pelas historias de encantamento contadas pelos criados indianos que serviam à família. Isso, sem dúvida influenciou seu trabalho de escritor que lhe renderam o Prêmio Nobel de Literatura em 1907.
O fardo do Homem Branco
Leia o poema (tradução livre) e veja, as perguntas para serem respondidas no caderno.
O fardo do homem branco
Tomai o fardo do Homem Branco
Enviai vossos melhores filhos
Ide, condenai seus filhos ao exílio
Para servirem aos vossos cativos;
Para esperar, com chicotes pesados
O povo agitado e selvagem
Vossos cativos, tristes povos,
Metade demônio, metade criança.Tomai o fardo do Homem Branco
Continuai pacientemente
Ocultai a ameaça de terror
E vede o espetáculo de orgulho;
Ao discurso direto e simples,
Uma centena de vezes explicado,
Para buscar o lucro de outrem
E obter o ganho de outrem
Tomai o fardo do Homem Branco
As guerras selvagens pela paz
Enchei a boca dos famintos,
E proclamai o cessar das doenças
E quando o vosso objetivo estiver próximo
(O fim que todos procuram)
Assisti a indolência e loucura pagã
Levai toda sua esperança ao nada
Tomai o fardo do Homem Branco
Sem a mão de ferro dos reis,
Mas o trabalho penoso de servos
A história das coisas comuns
As portas que não devei entrar,
As estradas que não devei passar,
Ide, construí-as com as suas vidas
E marcai-as com seus mortos.
Tomai o fardo do Homem Branco
E colhei vossa recompensa de sempre
A censura daqueles que tornais melhor
O ódio daqueles que guardais
O grito dos reféns que vós ouvi
(Ah, devagar!) em direção à luz:
“Por que nos trouxeste da servidão,
Nossa amada noite no Egito?”
Tomai o fardo do Homem Branco
Não tendais impedir
Não clameis alto pela Liberdade
Para ocultar sua fadiga
Por tudo que desejai ou confidenciai
Por tudo que permitir ou fizer
Os povos soturnos e calados
Medirão vosso Deus e vós.
Tomai o fardo do Homem Branco!
Acabaram-se vossos dias de criança
O prêmio leve ofertado
O louvor fácil e glorioso:
Vinde agora, procura vossa virilidade
Através de todos os anos difíceis,
Frios, afiados com a sabedoria adquirida,
O reconhecimento de vossos pares.
1. Quem seria o “homem branco”? A quem ele se opõe?
2. Que palavras e expressões o poeta usa para se referir aos povos colonizados pelo “homem branco”?
3. Como o “homem branco” é apresentado no poema?
4. Em que contexto histórico esse poema foi escrito?
5. Por que o autor denomina o imperialismo de “o fardo do homem branco”?
6. Qual era o “fim que todos procuram” (3ª estrofe)?
7. Em que ideias, crenças ou visão de mundo o poema se baseia?
8. Quais as consequências sociais resultantes desse pensamento?
Adaptado do site:">http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/imperialismo/
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